A Naomi Milgrom Foundation lançou os planos para o projeto de Bijoy Jain, fundador do Studio Mumbai, para o MPavilion 2016, a versão australiana do programa dos Pavilhões da Serpentine Gallery, grande sucesso em Londres. Continuando os conceitos que conduzem os trabalhos do Studio Mumbai, o pavilhão utilizará um processo que Jain descreve como "Lore", uma exploração sobre a arquitetura artesanal e simplicidade construtiva centrada na relação entre o fazer e a conectividade humana.
O MPavilion 2016 consistirá de uma estrutura de 18 por 18 metros, construída em bambu, cordas, terra e pedras originárias da Índia e Austrália. Atingindo 12 metros de altura, o pavilhão será a maior estrutura de bambu construída na Austrália, e será coberta com um telhado feito de painéis karvi (semelhante a uma construção de pau a pique). Os painéis de toldos e telhados serão, então, cobertos utilizando uma técnica tradicional indiana, "no qual uma mistura de esterco de vaca e terra ligam-se à estrutura de bambu e são cobertos com uma argamassa de cal branca à prova d'água", que assumirá as cores da paisagem australiana.
"A ideia não é orientar os observadores, mas permitir descobertas através de camadas visuais do pensar, fazer e ver", explica Bijoy Jain.
O pavilhão toma emprestado a tipologia indiana do 'tazia', uma torre elaborada usada em cerimônias tradicionais indianas, para conectar os estratos do planeta terra, céu e gravidade, que são partilhados por todos os seres humanos. A tazia foi construída em Bharuch, Índia, por uma família que tem se especializado na construção das torres ornamentadas por gerações.
"Eu queria criar um espaço que conectasse toda a cultura local. A torre, ou "Tazia", é um edifício imaginário que atinge profundamente as estrelas, por isso é de outro mundo, e através dele pode-se ver as estrelas, o céu, outras dimensões", diz Jain. "Quero que o MPavilion seja um andaime que forneça um espaço criativo e suspenda visitantes entre o mundo, a terra e o céu."
O pavilhão proporcionará sombra e espaço para palestras e eventos públicos, e também contará com um café e mercado para a venda de produtos locais.
"Quero que o edifício seja um símbolo da natureza elementar das estruturas comunais - um lugar de reunião, e um espaço para descobrir os fundamentos do mundo e de nós mesmos", disse ele. "O que é interessante sobre o terreno é que as bordas do jardim são formadas por ruas e estradas - em alguns aspectos, ele pode ser considerado um não-lugar. O MPavilion transforma este espaço e faz que se torne um lugar de significado ".
Naomi Milgrom AO, fundador do MPavilion, disse: "A prática de Bijoy Jain é única, já que se concentra em honrar ofícios e técnicas construtivas antigas, que ressoam fortemente neste mundo tecnologizado. Como arquiteto, Bijoy pensa como um artista. Seus edifícios orbitam em torno de uma ideia central, e depois são concretizados através de um extenso processo de colaboração e uma análise cuidadosa do entorno. "
Jain e sua equipe de projeto trabalharam durante os últimos seis meses juntamente com um grupo de construtores australianos, que Jain trouxe para Mumbai para envolvê-los na sua abordagem colaborativa para o projeto e construção. A engenharia e construção para o projeto foram lideradas pelo Studio Mumbai e Kane Construction na Índia, em parceria com os escritórios de Melbourne e Mumbai da Arup.
Prevê-se que o pavilhão levará 8 semanas para construção, com inauguração em outubro. Após concluído, receberá os visitantes para uma série de palestras, workshops, performances e instalações até fevereiro de 2017. Será, então, movido para uma nova sede no centro de Melbourne, onde pode se tornar uma parte da paisagem arquitetônica da cidade.
Esta é a terceira edição do programa MPavilion. Os pavilhões anteriores foram projetados pela arquiteta britânica Amanda Levete em 2015 e pelo arquiteto australiano Sean Godsell em 2014.